segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

História do Vasco da Gama Sul-Africano


Era década de 70 e Marcelino, um sul-africano descendente de portugueses, então com apenas 22 anos, foi passar férias no Brasil. Apaixonado por futebol, bateu ponto numa das maiores atrações turísticas do Rio de Janeiro, o Maracanã. O jogo era Vasco contra um adversário que ele já não se lembra mais. E nem faz questão de lembrar. Porque naquele dia, ele só tinha olhos para o Vasco. Sentado na arquibancada, pensou no pai, “seu” Vasco Nogueira, olhou para si mesmo, Marcelino Vasco Nogueira, e logo se deu conta de que já tinha a cruz de malta bordada no coração.
O nome do meu pai era Vasco. O meu nome do meio é Vasco. No Brasil, é o time dos descendentes de portugueses, como eu... Então que outra escolha eu tinha a não ser virar Vasco? - brinca Marcelino.
Mas ele fez mais. Como não dava para levar a nova paixão de volta pra casa, resolveu criar o seu próprio Vasco ao chegar à Cidade do Cabo. Uniforme e escudos idênticos, apenas com uma adaptação no nome - em vez de Club de Regatas Vasco da Gama, o sul-africano chama-se Club Recreativa Vasco da Gama.
Nossa inspiração é 100% no Vasco, mas como não temos remo fiz esta pequena mudança. Foi à forma que encontrei para manter as iniciais CRVG - explica.
Depois de alguns anos de amadorismo, o clube passou a participar das ligas profissionais em 1980. E em 2010, o destino colocou o Vasco da Cidade do Cabo de novo na trilha do Vasco do Rio de Janeiro. Assim como o xará mais famoso, o clube sul-africano tem a oportunidade de subir para a primeira divisão já neste ano.
A temporada 2009/2010 está na reta final. A quatro rodadas do fim, o Vasco é terceiro no campeonato que reúne os times do litoral, três pontos atrás do Nathi Lions e do Bay United, que lideram com 31. Precisa terminar pelo menos entre os dois primeiros para disputar uma vaga na elite com os dois melhores times do centro do país. Neste sábado, pode entrar no G2 se vencer o Carara Kicks em casa.

Sonho com sucesso
Marcelino sonha com o acesso, mas reconhece que o time terá grandes dificuldades de se manter na primeira divisão, caso chegue lá. O Vasco da Cidade do Cabo quase não tem torcida e por isso também não tem dinheiro.

- O problema é que aqui na África do Sul as pessoas não apoiam os times locais. Os negros, que são a grande maioria dos torcedores, escolhem os clubes cuja história é ligada aos negros, como Kaizer Chiefs e Orlando Pirates. Nós somos sempre associados à comunidade portuguesa e por isso temos pouca torcida. Assim fica difícil arrumar patrocínios para montar um time forte - lamenta.
Hoje na Cidade do Cabo, descoberta pelos portugueses no século 15, há cerca de 200 mil habitantes de origem lusitana. Mas a torcida do clube, segundo cálculos de Marcelino, não chega nem a um décimo disso.
Mesmo assim, ele sonha grande. Além de uma vaga na elite do futebol sul-africano, espera um dia poder enfrentar o clube que o inspirou.
Minha ambição é fazer um torneio entre o Vasco do Brasil, o Vasco da África do Sul e o Vasco de Macau - sugere.
O Vasco da Cidade do Cabo nunca conseguiu disputar a Liga Sul-Africana (equivalente à primeira divisão), fundada em 1996. Por isso, para Marcelino, colocar o time pela primeira vez entre os grandes será, também, uma forma de lembrar do pai, falecido em 1986, o Vasco que ele mais amou na vida.
“Seu” Vasco era tudo pra mim, uma grande inspiração. Sou o que sou por causa dele. Criar o Vasco e mantê-lo até hoje é uma grande homenagem que eu presto a ele

Globoesporte.com (texto e foto)

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